Certificações brasileiras

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QUASE UM IRON BUTT 2009


Estava com uma ideia de buscar algo interessante para fazer com minha moto, alguma viagem difícil, algo que poucos teriam feito.

Em demoradas buscas por recordes ou coisa parecida a algum tipo de desafio, encontro um link onde o contato era um tal André Carrazone de São Paulo, algum tipo de prova americana a ser cumprida em 24 horas, chamava-se Saddlesore 1000.

Busquei contato adicionando o André no MSN, sim msn.

O ano era 2008, não havia Orkut, facebook, somente o velho e bom msn, trocamos muitas mensagens, eu cheio de curiosidade e ansiedade por poder logo em breve realizar meu grande feito de moto.

Ah sim a moto em questão era uma Bros 150, o André ainda andava de Falcon 400.

Após muitas conversas com o André, decidi finalmente em dezembro de 2010 no dia do meu aniversario a sair para minha primeira prova.

Pensa só, tinha um GPS Aires apenas, sem map source, sem planilha de paradas, somente com uma noção de onde ficavam os postos no caminho para não ficar sem gasolina na Brós.

Reuni família, alguns amigos, fiz camiseta da saída e as 20 horas sai de Alvorada, região metropolitana, a saída muito tensa, chove horrores alguns me dizem pra não ir e deixar para outra vez.

Nada feito vou e é agora, o percurso consiste em fazer:
Porto Alegre/Osório/Caçapava do sul/Bagé/Pelotas/Chui/Porto Alegre

Fiz contatos em Rio grande, o Moto grupo Os Cavernosos ficaram de me aguardar na passagem por lá com café da manhã na estrada.

Sai pontualmente as 20 horas, abaixo de muita agua, fui a Osório, a ida até la era para fazer 140 km a mais que faltariam a volta que pretendia, na volta de Osório já não chove mais, uma imensa lua cheia clareia a estrada como um sol, me encho de alegria com isso.

Em São Sepé, o posto que eu havia ligado durante a semana me garantiu que ficavam aberto 24 horas por dia, porem chegando lá quase sem gasolina ele esta fechado, rodo até a entrada da cidade e alguns jovens descem a rua principal, questiono se há algum posto aberto na cidade, eles respondem que o posto na BR 290 é deles e que acabaram de fechar.

Informei o que acontecia e eles me disseram para retornar e falar com o vigia que ele abasteceria pra mim, que eu entrasse em capacete e tivesse cuidado com os 5 Cães que haveria por lá.

Volto ao posto, os cães estão todos lá e o vigia também, tudo tranquilo, abasteço e faço ele fazer uma nota manual para o meu abastecimento, tenta convencer ele de que eu estou fazendo uma prova de 1600 km em 24 horas!!!

Tudo certo, volto a estrada e antes de chegar em Caçapava, entro na BR 153 para Bagé, me certifico do horário e observo que talvez eu esteja duas horas adiantado apesar de tudo.

A lua continua firme, brilhante dando todas condições para ir até Bagé que é minha próxima parada, a BR 153 até Bagé são uns 170 km de praticamente nada no caminho, nada mesmo, estrada com muitas curvas, pelo fato de eu ter saído 20 horas, o sono começa a bater, mas tranquilo não irei dormir, quando levo um susto de quase sair da estrada, porém no próximo susto acordarei fora da estrada , caído em um barranco com forte dores no braço.

Dormi em cima da moto e sofri um sério acidente, quebrei o braço o osso Radio vai parar sobre o dorso da mão, minha pochete com celular e câmera caíram em algum lugar naquele barranco, nunca mais os achei.

De volta a estrada estou com muitas dores no braço quebrado, fico a margem da estrada, já passam das 3 da manhã cada caminhão que passa sinalizo com a luz do GPS, enfim um deles para e o motorista armado da janela me pergunta o que houve e informo do acidente, ele diz que não poderá dar carona mas avisara a policia federal próximo a Bagé.

Quase duas horas depois chega o socorro, sou levado a santa casa de Bagé, são 07:30 a prova já era, agora a dor no braço começa a ficar insuportável, o médico vem e me diz a gravidade da fratura e que terei de passar por cirurgia, me da algo pra dor e diz que até as 13 horas ira me operar.

São 10:30 e a medicação pra dor não fez efeito, dor insuportável e uma Freira da santa casa devido aos meus gritos de dor veio ver o que houve,, informo da dor e ela retorna com o médico e o mesmo me informa que o cirurgião já havia chegado e irão me operar.

Antes disso fiz uma ligação pra meus pais para que viessem a Bagé me buscar de carro, já que pela cirurgia não ia conseguir retornar de moto, horas depois ia ficar sabendo do estrago da moto.

Vou pra mesa de cirurgia e sinto a anestesia fazendo efeito, pergunto a enfermeira se ela est me desligando, ela informa que sim eu peço a ela que me faça um favor, que me acorde depois, ela sorri e é a ultima coisa que lembro.

Acordo todo enfaixado, colocaram meu osso no lugar e dentro dele dois pedaços de arame cirúrgico pra estabilizar, minha Ulna o outro osso do braço esta até hoje fora do lugar.

Meus pais e meu cunhado já estão na sala de recepção me aguardando, chego lá com algumas dores a anestesia esta passando, tranquilizo eles e eles me mostram um cara me aguardando na sala junto a eles, estaria ali já a algumas horas aguardando pra falar comigo.

Ele se apresenta, é o Ari da ABM associação Bageense de motociclismo, super atencioso, informa que a moto já esta na oficina do mecânico deles e se eu preciso de alguma ajuda, digo que vou precisar de um hotel.

Todos hotéis na cidade estão ocupados, um dos proprietários me informa que ele tem um motel, poderíamos dormir lá e vir tomar café da manhã no hotel, aceito pois o braço já esta incomodando e bastante.

Chegamos no Motel Golfinhos, a moça vem atender e peço dois quartos, sim levei meus pais pela primeira vez a um motel na vida deles, surreal, a moça pergunta de eu vou precisar de um outro colchão para dormir no quarto com meu cunhado digo bem tranquilo que não, dormiremos juntos, Ora meu cunhado chamando meu pai e minha mãe de sogro e sogra e iremos dormir juntos, claro que para aquela atendente eu e meu cunhado éramos casados.

Resumindo então, esta foi minha primeira prova, ansiedade e euforia fizeram eu deixar de completar a prova por não atentar pelo fato crucial do sono, hoje a primeira piscada onde eu estiver eu durmo, fiz bons amigos em Bagé e serei sempre grato a eles todos pelo apoio, nunca tomei o café da manhã com a Suzana e os cavernosos em rio grande.

Meses depois fui conhecer o André Carrazone num encontro em São Lourenço do sul, e de lá pra cá vem construindo uma amizade muito grande com todos por aqui.

Sou e serei sempre grato ao André pelo apoio que sempre me deu , temos todos que ter o empenho aqui de fortalecer este grupo e ele ser referencia não só aqui no Brasil, lá fora também.
 
#4
Minha prova de certificação ocorreu em 28 de dezembro de 2013, um sábado. Tinha a intenção de fazer a prova, porém decidi mesmo no dia 26/dez e comecei a traçar o trajeto. Como não presto antes das 5 da manhã, me programei para sair as 05:30h e assim iniciei minha prova, na época estava com uma BMW G 650 (maldosamente chamada de BMDafra pelos opositores). Sai de Maringá-PR com destino a Presidente Prudente-SP com a intenção de ir até Pres. Venceslau em seguida a Pereira Barreto, Campinas, Assis e Maringá. Ao sair de Itu e pegar a Rod. Castelo Branco, parei para abastecer no posto Petrobrás (Rei da Castelo) e aí o mundo veio abaixo... Eu já havia abastecido e com a chuva e o vento, os frentistas cobriram as bombas com capa plástica e aqueles show-room de óleo, aditivos começaram a cair com o vento, foi uma bagunça. Caiu granizo e os carros começaram a para no acostamento... Pensei o seguinte, vou sair daqui antes da chuva parar e pego pista livre, pois se sair junto com o povo, estarei perdido. Quando sai ainda chovia forte e havia granizo na pista, alguns me chamaram para parar, mas a chuva estava diminuindo e fui embora, uns 5 km para a frente a pista estava sequinha.... Cheguei em Maringá por volta das 22h e ainda faltavam uns 100 km para finalizar. Como estava muito sujo, fui em casa, tomei um banho, pedi uma pizza e sai para finalizar o trajeto, indo até Campo Mourão e retornando.
 
#5
E agora em 16 de outubro de 2021, fiz o meu 2º Sadlesore 1.600K. Fiquei muito feliz pela conquista após 8 anos da primeira certificação.